Aconselhamento pré-concepcional
O aconselhamento pré-concepcional consiste na avaliação conjunta da equipe médica com seus pacientes, com o objetivo de reduzir os riscos de eventos adversos para a futura gestante, o feto e o recém-nascido. Independentemente da identidade sexual ou da expressão de gênero, todas as pessoas devem receber orientações sobre fatores de risco modificáveis e um estilo de vida saudável antes de planejar uma gravidez. Condições médicas crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças psiquiátricas e distúrbios da tireoide, podem afetar os resultados da gravidez e devem ser tratadas de forma adequada antes da concepção. As mulheres devem ser incentivadas a buscar cuidados médicos antes de tentar engravidar ou assim que suspeitarem da gravidez, a fim de auxiliar na determinação precisa da idade gestacional e avaliar condições médicas que exijam atenção durante a gravidez.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Durante as consultas pré-concepcionais, o casal deve fornecer informações sobre sua história médica anterior, medicações em uso, história familiar, etc. Neste momento, se necessário, deve-se ajustar as medicações em uso, ja que alguns medicamentos são contraindicados durante a gravidez e podem representar riscos para o feto. Por exemplo, pacientes hipertensas devem trocar o anti-hipertensivo por medicamentos seguros durante a gravidez e garantir que a pressão arterial esteja controlada após a troca. Em certas situações, é preciso discutir com o casal os riscos e benefícios da troca de medicamentos. É fundamental contar com a orientação de especialistas para determinar quais riscos são aceitáveis e tomar decisões adequadas. Todas as medicações em uso, incluindo ervas e medicamentos sem prescrição médica, devem ser avaliadas.
IMUNIZAÇÕES
As vacinas são uma medida importante na prevenção de doenças e é essencial garantir que o calendário vacinal esteja atualizado e o calendário vacinal para adultos deve ser revisado anualmente. Mulheres em idade fértil devem estar vacinadas contra hepatite B, tríplice viral, febre amarela, varicela, DTPa, COVID-19 e influenza. Algumas vacinas não podem ser administradas durante a gravidez e devem ser aplicadas pelo menos 3 meses antes da concepção, como a vacina contra varicela e rubéola. Já vacinas como a da influenza, hepatite B, DTPa e COVID-19 podem e devem ser administradas durante a gravidez. A vacina contra a influenza deve ser administrada anualmente, e a DTPa deve ser aplicada em todas as gestantes a partir das 27 semanas, independentemente das doses anteriores.
A vacinação contra o HPV atualmente não é recomendada durante a gravidez, mas não deve ser evitada ou adiada caso uma mulher planeje engravidar. Se o esquema de vacinas contra o HPV for iniciado e a paciente engravidar, a conclusão das doses subsequentes deve ser adiada até o pós-parto. É fundamental garantir que os parceiros das pacientes também estejam com o calendário vacinal atualizado.
RASTREIO INFECCIOSO
Durante o aconselhamento pré-concepcional, é crucial realizar o rastreamento de infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, hepatite B, hepatite C, HIV e clamídia. Em caso de exames positivos, as pacientes devem receber tratamento adequado, orientação sobre os riscos obstétricos para o recém-nascido e serem avaliadas por uma equipe de infectologistas. Exames sorológicos para toxoplasmose e citomegalovírus também são importantes para orientar medidas preventivas antes da concepção e durante a gravidez. Para pacientes que vivem em áreas endêmicas de doenças como o Zika vírus ou a febre amarela, é essencial discutir adequadamente as medidas de prevenção com o médico.
SUPLEMENTAÇÃO DIETÉTICA E ATIVIDADE FÍSICA
Uma alimentação saudável deve ser encorajada em todas as fases da vida, mas durante a preparação para a gravidez, a correção de hábitos deve ser realizada antes da concepção. Os casais devem ser incentivados a parar de fumar, reduzir o consumo de álcool, praticar atividades físicas regularmente e manter uma dieta equilibrada. Além disso, a suplementação de ácido fólico ou metilfolato deve ser iniciada 3 meses antes da tentativa de concepção, a fim de prevenir malformações do sistema nervoso central. Outras suplementações, como cálcio, ômega 3, vitamina D, entre outras, devem ser avaliadas de acordo com as necessidades individuais e a falta na dieta.
Lembramos que o aconselhamento pré-concepcional é essencial para garantir uma gravidez saudável e minimizar riscos para a mãe e o bebê. Consulte sempre um profissional de saúde especializado para orientações específicas e individualizadas.