Congelamento de óvulos
O congelamento de óvulos, ou criopreservação de óvulos, surgiu como uma
inovação médica destinada a preservar a fertilidade em mulheres submetidas a
tratamentos para o câncer, onde a perspectiva de perda da capacidade reprodutiva
devido à agressividade dessas terapias era uma preocupação central. Em 2013,
essa técnica deixou de ser considerada experimental e desde então, sua
aplicação expandiu-se consideravelmente, indo além das razões médicas,
tornando-se uma opção viável para o adiamento da maternidade.

Muitas pessoas desejam priorizar suas carreiras, segurança financeira ou estilos de vida antes de se comprometerem com a parentalidade. O congelamento de óvulos oferece a liberdade de adiar a concepção para um momento mais conveniente. Apesar
de não existir uma idade limite para realizar este tratamento, a qualidade dos óvulos é fortemente influenciada pela idade da paciente, sendo que óvulos coletados em idades mais jovens, especialmente antes dos 35 anos, tendem a ter maior qualidade
e taxas de sucesso mais elevadas.
Outro fator relevante é a reserva ovariana. Embora não haja um número ideal de óvulos a serem congelados, é essencial otimizar o tratamento para obter um número considerado adequado de óvulos. Mulheres com reserva ovariana reduzida, indicada por uma contagem de folículos inferior a 8 ou um nível de hormônio
anti-Mülleriano (AMH) inferior a 1,1 ng/ml, frequentemente
precisam passar por mais de um ciclo de tratamento para atingir um número alvo. À medida que a idade da mulher avança,
torna-se ainda mais crucial coletar um número maior de óvulos devido à sua menor qualidade.
Em relação a indicações médicas, além de pacientes com baixa reserva ovariana, aquelas que serão submetidas a cirurgias ovarianas, a tratamento com quimioterapia ou com história familiar de menopausa antes dos 40 anos de idade devem considerar o congelamento de óvulos como forma de preservar a fertilidade.
O congelamento de óvulos também desempenha um papel crucial na promoção da igualdade de gênero e na inclusão da comunidade LGBTQIA+. Oferece a todas as identidades de gênero a capacidade de tomar decisões informadas sobre seu planejamento reprodutivo, garantindo que a escolha de se tornar pai ou mãe seja feita no momento certo e de acordo com as circunstâncias de vida individuais.
O tratamento de congelamento de óvulos envolve um processo cuidadosamente conduzido:
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Estímulo Ovariano Controlado: A paciente recebe medicação injetável para estimular o crescimento de múltiplos folículos ovarianos, sendo monitorada por ultrassonografias transvaginais periódicas.
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Aspiração Folicular: Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é realizada uma aspiração folicular, um procedimento ambulatorial realizado sob sedação. Os óvulos são então analisados por uma equipe de embriologistas, e apenas os óvulos maduros são criopreservados.
O tratamento é geralmente bem tolerado, com poucos efeitos adversos, permitindo que a paciente continue com suas atividades diárias normais.
Os óvulos podem permanecer congelados até o momento que a paciente julgue adequado, sendo uma alternativa para pacientes que não conseguiram engravidar espontaneamente e não como a primeira forma de tentar a gravidez.
Esta técnica, apesar de não garantir uma gravidez, é uma forma de aumentar suas chances no futuro, oferecendo uma medida de segurança para o planejamento da maternidade.