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HPV (Papilomavírus Humano) e Rastreio do
Câncer de Colo de Útero

O Papilomavírus Humano (HPV) é uma infecção sexualmente transmissível comum que afeta homens e mulheres. No contexto ginecológico, o HPV está intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento de lesões no colo do útero e outras áreas genitais. A prevalência do HPV é significativa em nível global, sendo uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns.

Estima-se que a maioria das pessoas sexualmente ativas entrará em contato com o HPV em algum momento de suas vidas. Várias variáveis influenciam a prevalência do HPV, incluindo idade, comportamento sexual, imunidade e acesso a serviços de saúde. Além disso, o HPV compreende uma ampla variedade de subtipos, classificados em baixo e alto risco com base em seu potencial de causar câncer. Esses subtipos são numerados e agrupados em categorias, sendo os principais responsáveis por diferentes manifestações clínicas e associações a doenças.

Fatores de Prevalência:

  • Idade e Início da Atividade Sexual: A prevalência do HPV é mais alta entre os jovens, especialmente aqueles que iniciam a atividade sexual em idade mais precoce. Isso está relacionado à maior probabilidade de exposição ao vírus.

  • Número de Parceiros Sexuais: Aumento do número de parceiros sexuais está associado a um maior risco de contrair o HPV. Relações sexuais desprotegidas ou com parceiros com múltiplos parceiros anteriores podem aumentar a exposição.

  • Imunidade e Resposta ao Vírus: Indivíduos com sistema imunológico comprometido podem ter maior suscetibilidade ao HPV e maior probabilidade de desenvolver infecções persistentes.

  • Socioeconomia e Educação: Fatores socioeconômicos, incluindo acesso à educação e cuidados de saúde, podem influenciar a prevalência do HPV. Populações com menor acesso a serviços de saúde podem ter taxas mais altas.

Prevalência em Homens e Mulheres:

  • Mulheres: A infecção por HPV é comum em mulheres jovens, mas muitas vezes é temporária e pode ser eliminada pelo sistema imunológico. O rastreio regular, como o Papanicolau e pesquisa direta do vírus, é fundamental para detectar e tratar alterações cervicais precocemente.

  • Homens: Apesar de muitos homens eliminarem o vírus espontaneamente, o HPV em homens está associado ao desenvolvimento de verrugas genitais e pode contribuir para o câncer de pênis e orofaringe. A vacinação também é importante para homens, especialmente para prevenir a transmissão.

Rastreio do HPV e Lesões Precursoras do Câncer de Colo Uterino

O rastreio é realizado através da coleta da colpocitologia oncótica, o chamado Papanicolau, ou através da pesquisa direta do vírus. O Papanicolau é um exame citológico que analisa as células cervicais para detectar alterações. O teste de PCR para HPV identifica a presença do vírus de forma mais direta, permitindo uma detecção precoce.

Recomenda-se o início do rastreio do HPV a partir dos 25 anos ou 5 anos após o início da vida sexual; algumas diretrizes, como a diretriz americana, recomendam o rastreio aos 21 anos, independentemente de quando foi o início da atividade sexual. Para pacientes que realizam apenas o Papanicolau, o exame deve ser coletado anualmente nos primeiros dois anos e, após, a cada três anos (se exames anteriores normais). Com a possibilidade da coleta do co-teste (Papanicolau + HPV), o rastreio pode ser iniciado a partir dos 30 anos, permitindo uma abordagem mais abrangente.

Tipos de Lesão:

Lesões Iniciais ou de Baixo Grau:

 

  • ASCUS (Atipias de Células Escamosas de Significado Indeterminado): Alterações celulares leves que podem ser causadas por infecção por HPV, atrofia ou outras infecções genitais.

  • LSIL (Lesão Intraepitelial de Baixo Grau): Lesões leves que frequentemente regridem espontaneamente, mas podem requerer monitoramento.

 

Lesões de Alto Grau:

 

  • HSIL (Lesão Intraepitelial de Alto Grau): Lesões mais significativas que podem progredir para câncer se não tratadas.

  • AGC (Células Glandulares Atípicas): Atipias em células glandulares que podem indicar lesões mais complexas.

 

Câncer In Situ:

Lesões pré-cancerígenas confinadas à camada superficial do tecido.

Condições que podem interferir nos resultados do teste, mas não estão diretamente relacionadas ao HPV incluem: Inflamação, Atrofia e alteração da Flora Vaginal.

Tratamentos Disponíveis:

O tratamento será determinado a partir do tipo de lesão encontrada com ou sem o achado do vírus no exame. Para lesões de baixo grau, o monitoramento cuidadoso é essencial e muitas vezes suficiente; outros tratamentos só são realizados apenas se as lesões persistirem. Para lesões mais avançadas, procedimentos como conização ou cirurgia a laser podem ser recomendados.

Verrugas Genitais:

São causadas pelos subtipos de HPV considerados de baixo risco. As verrugas genitais podem estar presentes na vulva, no ânus, no reto, na vaginal e no colo do útero. Elas podem ser tratadas com medicamentos tópicos, procedimentos de cauterização ou remoção cirúrgica.

Prevenção e Controle:

  • Vacinação: A vacinação é uma estratégia eficaz para reduzir a prevalência do HPV e prevenir complicações associadas, como câncer cervical e verrugas genitais. Recomenda-se que meninas e meninos sejam vacinados antes do início da atividade sexual. No Brasil, a vacina está disponível no SUS para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, mas ela pode ser aplicada até os 45 anos. Pacientes que já tiveram infecção por HPV podem e devem receber a vacina caso ainda não a tenham realizado.

  • Preservativos: Embora não forneçam uma proteção completa, o uso consistente e correto de preservativos pode reduzir a transmissão do HPV e de outras infecções sexualmente transmissíveis.

  • Rastreio Regular: Exames de rastreio, como o Papanicolau e o teste de PCR para HPV, são essenciais para monitorar e tratar precocemente as infecções e as lesões associadas ao HPV.

 

O HPV é uma condição relevante no contexto ginecológico, mas estratégias de rastreamento, tratamento eficaz e medidas preventivas, como a vacinação, são vitais para mitigar seus impactos. Consultar regularmente um profissional de saúde ginecológica, discutir opções de vacinação e participar de rastreios são passos essenciais para a saúde sexual e reprodutiva da mulher.

Dra.Patrícia Flórido

@drapatriciaflorido

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